Saturday 6 December 2008

Com a cabeça em vários lugares

Esses momentos que antecedem a viagem para o Canadá são muito complexos. Todos os dias eu me pego pensando em alguma coisa que tem no Brasil e que não vai ter no Canadá.

Podem ser pessoas, comidas, lugares ou até mesmo hábitos que temos e consideramos banais, mas que não encontraremos no nosso novo país. É óbvio que ao nos mudarmos para um novo país novos hábitos surgirão. Hábitos como o de patinar no gelo ou de simplesmente andar pela rua sem medo de entrar nas estatísticas de criminalidade. Mas nem por isso as coisas ficam mais simples.

Dos meus avós, apenas a minha avó materna é viva. E como ela passou dos oitenta anos e foi fumante durante boa parte da sua vida, a minha partida deve marcar o nossso último contato físico.

Meus pais estão numa campanha por netos que já dura alguns anos. E nós teremos filhos canadenses. Se der tudo certo, já em 2010. Infelizmente nossos filhos estarão a uma distância de 36 horas de viagem deles. Minha mãe tem uma irmã que tem um déficit intelectual e isso vai complicar as viagens para o Canadá.

Da minha irmã ficarei com o sentimento de que eu poderia ter melhorado a nossa relação. Tenho tentado e acho que temos conseguido. Infelizmente o convívio sob o mesmo teto nem sempre é fácil. Quem sabe no Canadá...

Os amigos são poucos. Alguns do presente e outros do passado. Pelo menos para mim essa palavra tem valor e eu uso com moderação. Mas dos poucos que tenho vou sentir saudades.

A família é grande no papel, mas no coração nem todos ocupam o mesmo espaço. O espaço foi reservado apenas para aqueles que participaram intensamente da minha vida e esses eu faço questão de receber no Canadá. Alguns outros eu gostaria de mandar para Yukon.

Do Brasil, algumas coisas ficarão na memória. Numa caixinha de boas lembranças. Os locais onde estudei, trabalhei, morei, visitei, sorri, chorei, sofri e amei.

Uma sopa de nomes me vem a cabeça: Colégio Contato, Rua Sideral, Rua Dom José Lopes, UFPE, Praia de Itamaracá, Praia de Tamandaré, Brasília, João Pessoa, Fernando de Noronha, Estádio dos Aflitos, Praia da Boa Viagem, Arcoverde, São Bento...

Mas vamos resolvendo uma coisa de cada vez e vivendo as coisas ao sei devido tempo.

É por isso que ultimamente a caneça está em vários lugares.


3 comments:

Babi e Wal said...

Oi, Fá!
Seu post me tocou de modo muito especial, já que compartilho alguns desses sentimentos que você relata desde já, devido a algumas situações em família que surgiram neste ano... por isso, tenho pensado muito nessa coisa do "deixar", principalmente algumas pessoas... e olha que já fomos (eu e o Wal) pra Montréal com a intenção de não voltar mais e, na época, isso não foi assim difícil como agora...
Obrigada pelo post. Me fez sentir que não estou sozinha nessas reflexões...
Bises!

Manda said...

Fabinho,
Talvez seja fácil comentar quando não se está vivendo a situação. Porém quero lembrar-lhes que quando chegar a hora de vocês mudarem, um pedaço de todos aqueles que amam vocês também vai. Seja na lembrança, seja na saudade, ou até mesmo no modo de ver a vida. Vocês vão, mas um pedacinho também fica. Fica um lugar reservado para sempre que precisarem ou quiserem voltar. E o amor, a amizade e o carinho também ficarão pra sempre. Muita luz, muita força nessa nova etapa!
Beijos, Babau e Amanda

Alice, Paulo e Lucas said...

Pois é, Fá!?
Me parece que os conflitos são os mesmos... o q muda são apenas os endereços. A coincidências são bem interessantes... Paulinho morou na Dom José Lopes em BV! São Bento é a cidade ou o Colégio?...,pois estudei lá (no Colégio). Boa sorte na ida ao Canadá, se tudo der certo iremos no segundo semestre do ano que vem...
Feliz 2009 para vcs!
Até mais!
Alice